ISTO É BOM
GÊNERO: LUNDU
AUTOR: XISTO BAHIA
INTÉRPRETE: BAHIANO
GRAVADORA: ZON-O-PHONE
DATA DE LANÇAMENTO: 1902
Iaiá vancê que morrer
Quando morrer morramos juntos
Que eu quero ver como cabem
Numa cova dois defuntos
Isto é bom, isto é bom
Isto é bom que dói
E a saia da Carolina
Me custou cinco mil réis
Levanta morena a saia
Que eu dou mais cinco e são dez
Morena levanta a saia
Não deixa a renda arrastar
Que a renda custa dinheiro
Dinheiro custa ganhar
Os velhos gostam das moças
E os solteiros também
E como rapaz solteiro
Gostas mais do que ninguém
O inverno é rigoroso
Bem dizia a minha avó
Quem dorme junto tem frio
Que fará quem dorme só?
Se eu brigar com meus amores
Não se intrometa ninguém
Que acabados os arrufos
Ou eu vou ou ele vem
CORAÇÃO DAS MUIÉ
GÊNERO: CANÇÃO
AUTORES: PLÍNIO BRITO - DOMINGOS MAGARINOS
INTÉRPRETE: ELSIE HOUSTON
ACOMPANHAMENTO: GAÓ, JONAS, PETIT E CHAVES
GRAVADORA: COLUMBIA
DATA DE LANCAMENTO: 1930
Há muitos home que pensa
Que o coração das muié
É coisa que a gente compra
Que nem feijão mais café
Home que diz ter dinheiro
Dinheiro ele dá valor
Arranja muié bonita
Muié que lhe tem amor
O coração das muié
Não é feijão nem café
Eu tenho pena dos home
Que veve nessa ilusão
Não sabe o que é ser querido
Não sabe o que é coração
Quem pensa dessa maneira
Não sabe o que é querer bem
Mulher que gosta de um home
Não pensa no que ele tem
ARARA QUEBRANDO COCO
GÊNERO: TOADA
AUTORES: MANOEL ARAÚJO - FRANCISCO SENA
INTERPRETE: MANEZINHO ARAÚJO
ACOMPANHAMENTO: BENEDITO LACERDA E SEU CONJUNTO REGIONAL
GRAVADORA: ODEON
DATA DE LANCAMENTO: 1936
Arara quebrando coco
Coco amarelo é dendê
Eu vou morrer no pecado
Fazendo inveja a você
Batata não dá semente
Bananeira não dá nó
Franga que põe é galinha
Veia de neto é vovó
Planta de cravo é craveiro
Poeira de pau é pó
Bezerra nova é vitela
Pé de boi é mocotó
Pássaro do seco é galinha
Pássaro do brejo é socó
Dois bicudo não se beija
Dois boca funda é pior
Moça assanhada é sapeca
Moço namora é coió
Perna de porco é cambito
Pé de boi é mocotó
Fogo do campo é coivara
Mato que rama é cipó
Papagaio quando fala
Já sabe tudo de cor
Caroço em costa é marreca
Homem sem braço é cotó
Vaca de raça é turina
Pé de boi é mocotó
EU VÔ DEIXÁ MEU CEARÁ
GÊNERO: TOADA
AUTOR: SÁ RÓRIS
INTÉRPRETE: ALMIRANTE
GRAVADORA: ODEON
DATA DE LANÇAMENTO: 1937
Eu vou deixá meu Ceará
Mas eu vorto quando o tempo amiorá
Já nem canta a saracura
Já nem canta o sabiá
Meu açude já secou
Meus legume se acabô
Vou-me embora pro Pará
Eu vou deixá meu Ceará
Mas eu vorto quando o tempo amiorá
Já perdi tudo que eu tinha
Cuma é que eu vô vivê
Meus pintinho tão morrendo
Tudo tudo se perdendo
Já nem tenho o que comê
Eu vou deixá meu Ceará
Mas eu vorto quando o tempo amiorá
Valha-me Nossa Senhora!
Vem ouvir minha oração
Manda chuva com fartura
Prá sarvá as criatura
Tenha dó do meu sertão
Eu vou deixá meu Ceará
Mas eu vorto quando o tempo amiorá
Lá no céu nenhuma nuve
Nem choveu no Pioí
Só se vê gente passando
Eu inté já tô chorando
Só de vê que vô partir
Eu vou deixá meu Ceará
Mas eu vorto quando o tempo amiorá
ROSA
GÊNERO: VALSA
AUTOR: PIXINGUINHA
INTÉRPRETES: ORLANDO SILVA
GRAVADORA: VICTOR
DATA DE LANCAMENTO: 1937
Tu és, divina e graciosa estátua majestosa
Do amor por deus esculturada
E formada com ardor
Da alma da mais linda flor de mais ativo olor
Que na vida é preferida pelo beija-flor
Se deus me fora tão clemente aqui nesse ambiente
De luz, formada numa tela deslumbrante e bela
O teu coração junto ao meu lanceado
Pregado e crucificado sobre a rósea cruz do arfante peito seu
Tu és a forma ideal, estátua magistral oh alma perenal
Do meu primeiro amor, sublime amor
Tu és de deus a soberana flor
Tu és de deus a criação que em todo coração sepultas um amor
O riso, a fé, a dor em sândalos olentes cheios de sabor
Em vozes tão dolentes como um sonho em flor
És láctea estrela
És mãe da realeza
És tudo enfim que tem de belo
Em todo resplendor da santa natureza
Perdão, se ouso confessar-te
Eu hei de sempre amar-te
Oh flor meu peito não resiste
Oh meu deus o quanto é triste
A incerteza de um amor que mais me faz penar
Em esperar em conduzir-te um dia ao pé do altar
Jurar, aos pés do onipotente em preces comoventes
De dor e receber a unção da tua gratidão
Depois de remir meus desejos
Em nuvens de beijos hei de envolver-te até meu padecer
De todo fenecer
MARIA FULÔ
GÊNERO: CHORO-CANÇÃO
AUTORES: LEONEL AZEVEDO - SÁ RÓRIS
INTÉRPRETE: GASTÃO FORMENTI
GRAVADORA: ODEON
DATA DE LANÇAMENTO: 1937
Vivia numa casinha ao pé da serra
Muito longe dessa terra
Uma cabocla bonita, Maria Fulô
Seus olhos eram tão meigos e catitas
E as madeixas tão bonitas
Como jamais ninguém sonhou
E quanto ela cantava
Os passarinhos por entre as flores dos caminhos
Alegres saudavam Maria Fulô
E assim vivia descuidosamente
Seu coração era inocente
Tinha a candura de uma flor
Jamais tivera uma sombra de tristeza
Gostava só da natureza
E não sabia o que era um amor!
Porem, um certo dia um cavaleiro
Um moço rico, aventureiro
Viu a cabocla e lhe falou
E tantas juras ele fez
Que a coitadinha
Sonhou num trono ser rainha
E em seus braços se entregou
Viva numa casinha ao pé da serra
Muito longe dessa terra
Uma cabocla bonita, Maria Fulô
Seus olhos eram tão meigos de catitas
E as madeixas tão bonitas
Como jamais ninguém sonhou
E quanto ela cantava
Os passarinhos por entre as flores dos caminhos
Alegres saudavam Maria Fulô
O fim deste romance é muito triste
Uma tapera ali existe
Cheia de trepadeira em flor
E um viandante por uma noite enluarada
Ainda ouve uma toada
Que lembra a história desse amor
CACHORRO VIRA-LATA
GÊNERO: SAMBA-CHORO
AUTOR: ALBERTO RIBEIRO
INTÉRPRETE: CARMEM MIRANDA
GRAVADORA: ONDEON
DATA DE LANCAMENTO: 1937
Eu gosto muito de cachorro vagabundo
Que anda sozinho no mundo
Sem coleira e sem patrão
Gosto de cachorro de sarjeta
Que quando escuta corneta
Sai atrás do batalhão
E por falar em cachorro
Sei que existe lá no morro
Um exemplar
Que muito embora não sambe
Os pés dos malandros, lambe
Quando eles vão sambar
E quando o samba já está findo
O vira-lata está latindo a soluçar
Saudoso da batucada
Fica até de madrugada
Cheirando o pó do lugar
E até mesmo entre os caninos
Diferentes os destinos
Costumam ser
Uns têm jantar e almoço
Outros nem sequer um osso
De lambuja pra roer
E quando passa a carrocinha
A gente logo advinha, a conclusão
Um vira-lata coitado
Que num foi matriculado
Dessa vez virou sabão
CARINHOSO
GÊNERO: VALSA
AUTOR: PIXINGUINHA - JOÃO DE BARRO
INTÉRPRETE: ORLANDO SILVA
GRAVADORA: VICTOR
DATA DE LANÇAMENTO: 1937
Meu coração
Não sei porque
Bate feliz, quando te vê
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo
Mas mesmo assim, foges de mim
Ah! Se tu soubesses
Como sou tão carinhoso
E muito e muito que te quero
E como é sincero o meu amor
Eu sei que tu não fugirias mais de mim
Vem, vem, vem, vem
Vem sentir o calor
Dos lábios meus
À procura dos teus
Vem matar esta paixão
Que me devora o coração
E só assim então
Serei feliz, bem feliz
TUDO EM PÊ
GÊNERO: CHORO
AUTORES: JORGE NÓBREGA - ÂNGELO DELATRÉ
INTÉRPRETE: ALMIRANTE
GRAVADORA: ODEON
DATA DE LANCAMENTO: 1938
Pedro Pereira Pinto
Pinta P na portinha e no portão
Passo pensando
Pelas praças procurando
Por um tal pintor pintando
P na porta e no portão
Parei pateta
Pois pedi ao tal poeta
Professor, pintor, profeta
P’ra provar a profissão
Porém pasmado
Pelo pau palavreado
Perguntei pelo passado
Pelas provas de pintor
Perfeitamente
P’ra pintar publicamente
Pode paulatinamente
Praticar p’ra professor
Pouco protestam
Pelos Pês que agora prestam
P’ra pretexto aos que palestram
Porque podem palestrar
Pois palestrando
Pelos parques passeando
Pode o povo até prosando
Pouco a pouco a pesquisar
Pobre Patrícia
Proclamando ser propícia
Perguntou a um polícia
P’ra que P na portaria
Porém pertinho
Polycarpo Pelourinho
Puxou pelo pincelzinho
P’ra pintar patifaria
BARRACÃO DE ZINCO
GÊNERO: SAMBA CHORO
AUTORES: JOSÉ GONÇALVES - ANTENOR BORGES
INTÉRPRETE: RANCHINHO (DIESIS DOS ANJOS GAYA)
GRAVADORA: VICTOR
DATA DE LANÇAMENTO: 1939
Tenho no morro um barracão de zinco
Muito velhinho que é de minha estimação
E dentro dele eu tenho um segredinho
Que é toda alegria do meu coração
Não é dinheiro que tem dentro dele
Não é jóia, não é nada
Que tenha valor
É um retrato já desfigurado
Que eu tenho guardado
Foi do meu primeiro amor
Tem uma lagrima nesse retrato
Derramado dos meus olhos
Que nunca secou
E um esqueleto já muito velhinho
De uma viola de pinho
Que alivia minha dor
Tem uma mesa também muito velha
Uma caneta e um tinteiro de recordação
E um banquinho onde eu sentava
Quando escrevia as rimas de minha ilusão
E no barraco lá na ribanceira
Tem um pé de laranjeira
Quem plantou fui eu
Perto da porta tem uma roseira
E no meu peito uma esperança
Que nunca morreu
LOURINHA AUDACIOSA
GÊNERO: SAMBA DIALOGADO
AUTOR: MURILO CALDAS
INTÉRPRETES: MURILO CALDAS & LOLITA FRANÇA
GRAVADORA: VICTOR
DATA DE LANCAMENTO: 1939
Ele: Loirinha audaciosa
Cheia de malevolência
Gosto da tua cadência
Que me faz enlouquecer
Ela: Moreno, você deixa de visagem
Vou te dar cinco mil réis
Pra deixar de contar vantagem
- Em vez de cinco eu te dou dez!
Ele: Eu já comprei um bangalô
Ela: Mas eu não quero o teu amor
Ele: Pra nosso amor se misturar
Ela: Não me persegue, saia já!
Ele: Tu vais morar no meu chateau
Ela: Não vou, não quero não senhor
Ele: O tal francês eu vou barrar
Ela: Pra cima de ‘moi’ não vai voar
Ele: Loirinha audaciosa
Cheia de malevolência
Gosto da tua cadência
Que me faz enlouquecer
Ela: Moreno, você deixa de visagem
Vou te dar cinco mil réis
Pra deixar de contar vantagem
Ele: E vai passando os dez manguinhos
Ela: Eu já estou aborrecida
Ele: E lá se foi casa e comida
Ela: Eu não me passo p/ vocês
Ele: Mas nem chegou a minha vez
Ela: Pois sou lourinha presumida
Ele: Toda frajola na avenida
Ela: Não troco o amor do meu francês
Ele: E de inglês e japonês
E juro que é eu falo inglês...
Ele: Loirinha audaciosa
Cheia de malevolência
Gosto da tua cadência
Que me faz enlouquecer
Ela: Moreno, você deixa de visagem
Vou te dar cinco mil réis
Pra deixar de contar vantagem
POLIDÓRO
GÊNERO: SAMBA DIAOGADO
AUTORES: OSVALDO CHAVES RIBEIRO "GADÉ" – JOSÉ AUGUSTO JR.
INTÉRPRETE: HAYDÉE MARCONDES
GRAVADORA: ONDEON
DATA DE LANCAMENTO: 1940
Polidoro, Polidoro
Dá um jeito nessa vida
Jogo não dá camisa a ninguém
Cassino e pra multimilionário
Não é para você
Que não passa de um simples funcionário
Ele: Mas, filha!
Não tem filha, nem mais filha
É o que eu estou dizendo
Você tem que obedecer
Os credores tão na porta todo dia
Pá, pá, pá
E você não fica em casa pra atender
Ele: É!?
É uma conversar
Eu já estou cansada de bancar a cara dura
É tintureiro, é açougueiro, é quitandeiro
Quando eu digo que não tenho
Eles me chamam de “pindura”
Ele: Xi!!
Xi, não tem Chico nem mais Chico
Desse mês em diante
Eu quero ver na minha mão o ordenado
Se não fizer assim eu vou embora
Você fica com seu vício
E cada qual para o seu lado
TICO TICO NO FUBÁ
GÊNERO: CHORO
AUTOR: ZEQUINHA DE ABREU - EURICO BARREIROS
INTÉRPRETE: ADEMILDE FONSECA
GRAVADORA: COLUMBIA
DATA DE LANÇAMENTO: 1942
Um tico tico só, um tico tico lá
Está comendo todo, todo o meu fubá
Olha seu Nicolau, que o fubá, se vai
Pego no meu pica pau e um tiro sai
Então eu tenho pena, do susto que levou
E uma cuia cheia de fubá eu dou
Alegre já voando e piando
Meu fubá, meu fubá
Saltando de lá para cá
Houve um dia porém, que ele não voltou
E seu gostoso fubá, o vento levou
Triste fiquei,quase chorei mas então vi,
Logo depois, não eram um e, sim já dois
Quero contar baixinho a vida dos dois
Tiveram ninho e filhinhos depois
Todos agora pulam aí, saltam aqui
Comendo todo meu fubá, saltando de lá para cá
DE PAPO PRO Á
GÊNERO: TOADA
AUTORES: JOUBERT DE CARVALHO - OLEGÁRIO MARIANO
INTÉRPRETE: TRIO MELODIA
ACOMPANHAMENTO: FRANCISCO SERGI E SUA ORQUESTRA
GRAVADORA: CONTINENTAL
DATA DE LANCAMENTO: 1945
Não quero outra vida
Pescando no rio, de jereré
Tem o peixe bom
Tem siri patola
De dá com o pé
Quando no terreiro
Faz noite de luá
E vem a saudade me atormentá
Eu me vingo dela
Tocando viola de papo pro á
Se compro na feira
Feijão, rapadura
Pra que trabaiá?
Eu gosto do rancho
O homem não deve
Se amofina
BAIANA DENGOSA
GÊNERO: SAMBA BATUQUE
AUTORES: ELIAS SALOMÉ - LOPES RODRIGUES
INTÉRPRETE: IRMÃS MEDINA
ACOMPANHAMENTO: CLAUDIONOR CRUZ E SEU CONJUNTO
GRAVADORA: CONTINENTAL
DATA DE LANCAMENTO: 1945
Baiana dengosa
Cabocla roliça
Que reza na missa
Que reza Xangô
Cabocla bonita
Que adora Iemanjá
E cheira no ar
E cheira no ar
De perna redonda
E tem nas cadeiras
A curva das ondas
Do mar que se agita
Baiana dengosa
De pele porosa
Que cheira a resina
Do pau da aroeira
Cabocla trigueira
Que é moça e menina
Baiana de luxo
Que sabe pisar
Baiana de fogo
Que é mesmo vintém
Baiana letrada
Que igual na contém
Igual não contém
Da arte de amar
GÊNERO: LUNDU
AUTOR: XISTO BAHIA
INTÉRPRETE: BAHIANO
GRAVADORA: ZON-O-PHONE
DATA DE LANÇAMENTO: 1902
Iaiá vancê que morrer
Quando morrer morramos juntos
Que eu quero ver como cabem
Numa cova dois defuntos
Isto é bom, isto é bom
Isto é bom que dói
E a saia da Carolina
Me custou cinco mil réis
Levanta morena a saia
Que eu dou mais cinco e são dez
Morena levanta a saia
Não deixa a renda arrastar
Que a renda custa dinheiro
Dinheiro custa ganhar
Os velhos gostam das moças
E os solteiros também
E como rapaz solteiro
Gostas mais do que ninguém
O inverno é rigoroso
Bem dizia a minha avó
Quem dorme junto tem frio
Que fará quem dorme só?
Se eu brigar com meus amores
Não se intrometa ninguém
Que acabados os arrufos
Ou eu vou ou ele vem
CORAÇÃO DAS MUIÉ
GÊNERO: CANÇÃO
AUTORES: PLÍNIO BRITO - DOMINGOS MAGARINOS
INTÉRPRETE: ELSIE HOUSTON
ACOMPANHAMENTO: GAÓ, JONAS, PETIT E CHAVES
GRAVADORA: COLUMBIA
DATA DE LANCAMENTO: 1930
Há muitos home que pensa
Que o coração das muié
É coisa que a gente compra
Que nem feijão mais café
Home que diz ter dinheiro
Dinheiro ele dá valor
Arranja muié bonita
Muié que lhe tem amor
O coração das muié
Não é feijão nem café
Eu tenho pena dos home
Que veve nessa ilusão
Não sabe o que é ser querido
Não sabe o que é coração
Quem pensa dessa maneira
Não sabe o que é querer bem
Mulher que gosta de um home
Não pensa no que ele tem
ARARA QUEBRANDO COCO
GÊNERO: TOADA
AUTORES: MANOEL ARAÚJO - FRANCISCO SENA
INTERPRETE: MANEZINHO ARAÚJO
ACOMPANHAMENTO: BENEDITO LACERDA E SEU CONJUNTO REGIONAL
GRAVADORA: ODEON
DATA DE LANCAMENTO: 1936
Arara quebrando coco
Coco amarelo é dendê
Eu vou morrer no pecado
Fazendo inveja a você
Batata não dá semente
Bananeira não dá nó
Franga que põe é galinha
Veia de neto é vovó
Planta de cravo é craveiro
Poeira de pau é pó
Bezerra nova é vitela
Pé de boi é mocotó
Pássaro do seco é galinha
Pássaro do brejo é socó
Dois bicudo não se beija
Dois boca funda é pior
Moça assanhada é sapeca
Moço namora é coió
Perna de porco é cambito
Pé de boi é mocotó
Fogo do campo é coivara
Mato que rama é cipó
Papagaio quando fala
Já sabe tudo de cor
Caroço em costa é marreca
Homem sem braço é cotó
Vaca de raça é turina
Pé de boi é mocotó
EU VÔ DEIXÁ MEU CEARÁ
GÊNERO: TOADA
AUTOR: SÁ RÓRIS
INTÉRPRETE: ALMIRANTE
GRAVADORA: ODEON
DATA DE LANÇAMENTO: 1937
Eu vou deixá meu Ceará
Mas eu vorto quando o tempo amiorá
Já nem canta a saracura
Já nem canta o sabiá
Meu açude já secou
Meus legume se acabô
Vou-me embora pro Pará
Eu vou deixá meu Ceará
Mas eu vorto quando o tempo amiorá
Já perdi tudo que eu tinha
Cuma é que eu vô vivê
Meus pintinho tão morrendo
Tudo tudo se perdendo
Já nem tenho o que comê
Eu vou deixá meu Ceará
Mas eu vorto quando o tempo amiorá
Valha-me Nossa Senhora!
Vem ouvir minha oração
Manda chuva com fartura
Prá sarvá as criatura
Tenha dó do meu sertão
Eu vou deixá meu Ceará
Mas eu vorto quando o tempo amiorá
Lá no céu nenhuma nuve
Nem choveu no Pioí
Só se vê gente passando
Eu inté já tô chorando
Só de vê que vô partir
Eu vou deixá meu Ceará
Mas eu vorto quando o tempo amiorá
ROSA
GÊNERO: VALSA
AUTOR: PIXINGUINHA
INTÉRPRETES: ORLANDO SILVA
GRAVADORA: VICTOR
DATA DE LANCAMENTO: 1937
Tu és, divina e graciosa estátua majestosa
Do amor por deus esculturada
E formada com ardor
Da alma da mais linda flor de mais ativo olor
Que na vida é preferida pelo beija-flor
Se deus me fora tão clemente aqui nesse ambiente
De luz, formada numa tela deslumbrante e bela
O teu coração junto ao meu lanceado
Pregado e crucificado sobre a rósea cruz do arfante peito seu
Tu és a forma ideal, estátua magistral oh alma perenal
Do meu primeiro amor, sublime amor
Tu és de deus a soberana flor
Tu és de deus a criação que em todo coração sepultas um amor
O riso, a fé, a dor em sândalos olentes cheios de sabor
Em vozes tão dolentes como um sonho em flor
És láctea estrela
És mãe da realeza
És tudo enfim que tem de belo
Em todo resplendor da santa natureza
Perdão, se ouso confessar-te
Eu hei de sempre amar-te
Oh flor meu peito não resiste
Oh meu deus o quanto é triste
A incerteza de um amor que mais me faz penar
Em esperar em conduzir-te um dia ao pé do altar
Jurar, aos pés do onipotente em preces comoventes
De dor e receber a unção da tua gratidão
Depois de remir meus desejos
Em nuvens de beijos hei de envolver-te até meu padecer
De todo fenecer
MARIA FULÔ
GÊNERO: CHORO-CANÇÃO
AUTORES: LEONEL AZEVEDO - SÁ RÓRIS
INTÉRPRETE: GASTÃO FORMENTI
GRAVADORA: ODEON
DATA DE LANÇAMENTO: 1937
Vivia numa casinha ao pé da serra
Muito longe dessa terra
Uma cabocla bonita, Maria Fulô
Seus olhos eram tão meigos e catitas
E as madeixas tão bonitas
Como jamais ninguém sonhou
E quanto ela cantava
Os passarinhos por entre as flores dos caminhos
Alegres saudavam Maria Fulô
E assim vivia descuidosamente
Seu coração era inocente
Tinha a candura de uma flor
Jamais tivera uma sombra de tristeza
Gostava só da natureza
E não sabia o que era um amor!
Porem, um certo dia um cavaleiro
Um moço rico, aventureiro
Viu a cabocla e lhe falou
E tantas juras ele fez
Que a coitadinha
Sonhou num trono ser rainha
E em seus braços se entregou
Viva numa casinha ao pé da serra
Muito longe dessa terra
Uma cabocla bonita, Maria Fulô
Seus olhos eram tão meigos de catitas
E as madeixas tão bonitas
Como jamais ninguém sonhou
E quanto ela cantava
Os passarinhos por entre as flores dos caminhos
Alegres saudavam Maria Fulô
O fim deste romance é muito triste
Uma tapera ali existe
Cheia de trepadeira em flor
E um viandante por uma noite enluarada
Ainda ouve uma toada
Que lembra a história desse amor
CACHORRO VIRA-LATA
GÊNERO: SAMBA-CHORO
AUTOR: ALBERTO RIBEIRO
INTÉRPRETE: CARMEM MIRANDA
GRAVADORA: ONDEON
DATA DE LANCAMENTO: 1937
Eu gosto muito de cachorro vagabundo
Que anda sozinho no mundo
Sem coleira e sem patrão
Gosto de cachorro de sarjeta
Que quando escuta corneta
Sai atrás do batalhão
E por falar em cachorro
Sei que existe lá no morro
Um exemplar
Que muito embora não sambe
Os pés dos malandros, lambe
Quando eles vão sambar
E quando o samba já está findo
O vira-lata está latindo a soluçar
Saudoso da batucada
Fica até de madrugada
Cheirando o pó do lugar
E até mesmo entre os caninos
Diferentes os destinos
Costumam ser
Uns têm jantar e almoço
Outros nem sequer um osso
De lambuja pra roer
E quando passa a carrocinha
A gente logo advinha, a conclusão
Um vira-lata coitado
Que num foi matriculado
Dessa vez virou sabão
CARINHOSO
GÊNERO: VALSA
AUTOR: PIXINGUINHA - JOÃO DE BARRO
INTÉRPRETE: ORLANDO SILVA
GRAVADORA: VICTOR
DATA DE LANÇAMENTO: 1937
Meu coração
Não sei porque
Bate feliz, quando te vê
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo
Mas mesmo assim, foges de mim
Ah! Se tu soubesses
Como sou tão carinhoso
E muito e muito que te quero
E como é sincero o meu amor
Eu sei que tu não fugirias mais de mim
Vem, vem, vem, vem
Vem sentir o calor
Dos lábios meus
À procura dos teus
Vem matar esta paixão
Que me devora o coração
E só assim então
Serei feliz, bem feliz
TUDO EM PÊ
GÊNERO: CHORO
AUTORES: JORGE NÓBREGA - ÂNGELO DELATRÉ
INTÉRPRETE: ALMIRANTE
GRAVADORA: ODEON
DATA DE LANCAMENTO: 1938
Pedro Pereira Pinto
Pinta P na portinha e no portão
Passo pensando
Pelas praças procurando
Por um tal pintor pintando
P na porta e no portão
Parei pateta
Pois pedi ao tal poeta
Professor, pintor, profeta
P’ra provar a profissão
Porém pasmado
Pelo pau palavreado
Perguntei pelo passado
Pelas provas de pintor
Perfeitamente
P’ra pintar publicamente
Pode paulatinamente
Praticar p’ra professor
Pouco protestam
Pelos Pês que agora prestam
P’ra pretexto aos que palestram
Porque podem palestrar
Pois palestrando
Pelos parques passeando
Pode o povo até prosando
Pouco a pouco a pesquisar
Pobre Patrícia
Proclamando ser propícia
Perguntou a um polícia
P’ra que P na portaria
Porém pertinho
Polycarpo Pelourinho
Puxou pelo pincelzinho
P’ra pintar patifaria
BARRACÃO DE ZINCO
GÊNERO: SAMBA CHORO
AUTORES: JOSÉ GONÇALVES - ANTENOR BORGES
INTÉRPRETE: RANCHINHO (DIESIS DOS ANJOS GAYA)
GRAVADORA: VICTOR
DATA DE LANÇAMENTO: 1939
Tenho no morro um barracão de zinco
Muito velhinho que é de minha estimação
E dentro dele eu tenho um segredinho
Que é toda alegria do meu coração
Não é dinheiro que tem dentro dele
Não é jóia, não é nada
Que tenha valor
É um retrato já desfigurado
Que eu tenho guardado
Foi do meu primeiro amor
Tem uma lagrima nesse retrato
Derramado dos meus olhos
Que nunca secou
E um esqueleto já muito velhinho
De uma viola de pinho
Que alivia minha dor
Tem uma mesa também muito velha
Uma caneta e um tinteiro de recordação
E um banquinho onde eu sentava
Quando escrevia as rimas de minha ilusão
E no barraco lá na ribanceira
Tem um pé de laranjeira
Quem plantou fui eu
Perto da porta tem uma roseira
E no meu peito uma esperança
Que nunca morreu
LOURINHA AUDACIOSA
GÊNERO: SAMBA DIALOGADO
AUTOR: MURILO CALDAS
INTÉRPRETES: MURILO CALDAS & LOLITA FRANÇA
GRAVADORA: VICTOR
DATA DE LANCAMENTO: 1939
Ele: Loirinha audaciosa
Cheia de malevolência
Gosto da tua cadência
Que me faz enlouquecer
Ela: Moreno, você deixa de visagem
Vou te dar cinco mil réis
Pra deixar de contar vantagem
- Em vez de cinco eu te dou dez!
Ele: Eu já comprei um bangalô
Ela: Mas eu não quero o teu amor
Ele: Pra nosso amor se misturar
Ela: Não me persegue, saia já!
Ele: Tu vais morar no meu chateau
Ela: Não vou, não quero não senhor
Ele: O tal francês eu vou barrar
Ela: Pra cima de ‘moi’ não vai voar
Ele: Loirinha audaciosa
Cheia de malevolência
Gosto da tua cadência
Que me faz enlouquecer
Ela: Moreno, você deixa de visagem
Vou te dar cinco mil réis
Pra deixar de contar vantagem
Ele: E vai passando os dez manguinhos
Ela: Eu já estou aborrecida
Ele: E lá se foi casa e comida
Ela: Eu não me passo p/ vocês
Ele: Mas nem chegou a minha vez
Ela: Pois sou lourinha presumida
Ele: Toda frajola na avenida
Ela: Não troco o amor do meu francês
Ele: E de inglês e japonês
E juro que é eu falo inglês...
Ele: Loirinha audaciosa
Cheia de malevolência
Gosto da tua cadência
Que me faz enlouquecer
Ela: Moreno, você deixa de visagem
Vou te dar cinco mil réis
Pra deixar de contar vantagem
POLIDÓRO
GÊNERO: SAMBA DIAOGADO
AUTORES: OSVALDO CHAVES RIBEIRO "GADÉ" – JOSÉ AUGUSTO JR.
INTÉRPRETE: HAYDÉE MARCONDES
GRAVADORA: ONDEON
DATA DE LANCAMENTO: 1940
Polidoro, Polidoro
Dá um jeito nessa vida
Jogo não dá camisa a ninguém
Cassino e pra multimilionário
Não é para você
Que não passa de um simples funcionário
Ele: Mas, filha!
Não tem filha, nem mais filha
É o que eu estou dizendo
Você tem que obedecer
Os credores tão na porta todo dia
Pá, pá, pá
E você não fica em casa pra atender
Ele: É!?
É uma conversar
Eu já estou cansada de bancar a cara dura
É tintureiro, é açougueiro, é quitandeiro
Quando eu digo que não tenho
Eles me chamam de “pindura”
Ele: Xi!!
Xi, não tem Chico nem mais Chico
Desse mês em diante
Eu quero ver na minha mão o ordenado
Se não fizer assim eu vou embora
Você fica com seu vício
E cada qual para o seu lado
TICO TICO NO FUBÁ
GÊNERO: CHORO
AUTOR: ZEQUINHA DE ABREU - EURICO BARREIROS
INTÉRPRETE: ADEMILDE FONSECA
GRAVADORA: COLUMBIA
DATA DE LANÇAMENTO: 1942
Um tico tico só, um tico tico lá
Está comendo todo, todo o meu fubá
Olha seu Nicolau, que o fubá, se vai
Pego no meu pica pau e um tiro sai
Então eu tenho pena, do susto que levou
E uma cuia cheia de fubá eu dou
Alegre já voando e piando
Meu fubá, meu fubá
Saltando de lá para cá
Houve um dia porém, que ele não voltou
E seu gostoso fubá, o vento levou
Triste fiquei,quase chorei mas então vi,
Logo depois, não eram um e, sim já dois
Quero contar baixinho a vida dos dois
Tiveram ninho e filhinhos depois
Todos agora pulam aí, saltam aqui
Comendo todo meu fubá, saltando de lá para cá
DE PAPO PRO Á
GÊNERO: TOADA
AUTORES: JOUBERT DE CARVALHO - OLEGÁRIO MARIANO
INTÉRPRETE: TRIO MELODIA
ACOMPANHAMENTO: FRANCISCO SERGI E SUA ORQUESTRA
GRAVADORA: CONTINENTAL
DATA DE LANCAMENTO: 1945
Não quero outra vida
Pescando no rio, de jereré
Tem o peixe bom
Tem siri patola
De dá com o pé
Quando no terreiro
Faz noite de luá
E vem a saudade me atormentá
Eu me vingo dela
Tocando viola de papo pro á
Se compro na feira
Feijão, rapadura
Pra que trabaiá?
Eu gosto do rancho
O homem não deve
Se amofina
BAIANA DENGOSA
GÊNERO: SAMBA BATUQUE
AUTORES: ELIAS SALOMÉ - LOPES RODRIGUES
INTÉRPRETE: IRMÃS MEDINA
ACOMPANHAMENTO: CLAUDIONOR CRUZ E SEU CONJUNTO
GRAVADORA: CONTINENTAL
DATA DE LANCAMENTO: 1945
Baiana dengosa
Cabocla roliça
Que reza na missa
Que reza Xangô
Cabocla bonita
Que adora Iemanjá
E cheira no ar
E cheira no ar
De perna redonda
E tem nas cadeiras
A curva das ondas
Do mar que se agita
Baiana dengosa
De pele porosa
Que cheira a resina
Do pau da aroeira
Cabocla trigueira
Que é moça e menina
Baiana de luxo
Que sabe pisar
Baiana de fogo
Que é mesmo vintém
Baiana letrada
Que igual na contém
Igual não contém
Da arte de amar
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